Pagina 04 – Capitulo
01.
Por clara....
Hoje em plena quinta-feira agradeço aos deuses por ser minha folga, a
não ser que aconteça mais algum imprevisto com a Juliana, penso comigo mesma.
E antes de finalizar o maldito pensamento, meu celular toca.
Mas como claro que tinha que acontecer mais alguma coisa com a Juliana.
Meu celular por infinita infelicidade começa a vibrar ao lado do meu
travesseiro. Eu penso em deixar vibrando até se cansarem e darem pulos para
resolverem o problema, mas como a Bruna está de férias, e eu como dizem o
ditado, sou “O contato de emergência” daquele mercado, tive que atender a
chamada do meu querido gerente.
Nem me dou o trabalho de cumprimentar o Augusto, apenas atendo a ligação
e digo:
- Estou aí em trinta minutos. – Me
levanto meio desanimada, passo uma das mãos em meu rosto e arrasto a toalha
diretamente para o banheiro.
Tomo um banho na velocidade da luz, saio enrolada na toalha e minha
missão agora são duas nesse exato momento: Trocar a caixa de areia do Bento e
por ração para o mesmo. Ainda bem que deixo um dia antes o uniforme já separado
em cima do sofá que no caso virou cama para o safado do meu gato, já que estou
vendo uma moita de pelos em formato de círculo bem na minha camiseta. Nessa
hora, respiro fundo, olho para ele parado no batente da porta e lhe solto um
grunhido de raiva.
- Serio Bento?! – Olho para ele indignado. – Tanto
lugar na sala pra você dormir, e você dorme encima do meu uniforme?
Como se ele entendesse minha chateação vem em minha direção e se
enrola nas minhas pernas, acredito eu que seja o pedido de desculpas dele. Sem
mais perder tempo apenas me visto e acho uma fita adesiva e vou tentando tirar
o máximo de pelos que consigo pela casa. Passo um creme nos cabelos penteando
com os dedos mesmo para criar o efeito ondulado que tanto tento manter, abro a
geladeira pego um todinho...Qual foi? Vocês não bebem achocolatado não?
Enfim, dou um beijo estalado na cabeça do nojento do meu gato que muitas
vezes, ou em quase todas elas odeia toque físico, e sigo em direção a porta,
observo se a tranquei corretamente e faço um mantra mental toda vez que saio de
casa. “Eu tranquei a porta. Eu tranquei a porta!!”
Afinal, vocês também são assim?
Quando saem muito apressados de casa no meio do caminho começam a se
perguntar se trancou a porta, ou se desligou a chama do fogão...ou melhor, se
fecharam a porta da geladeira?! rsrs
Esses dias me atrasei por conta desses malditos pensamentos duvidosos,
rs.
Me fazendo voltar em casa acreditando que havia esquecido de fechar a
porta da geladeira e o pior, estava tudo corretamente desligado ou fechado.
Agora te pergunto, como explicar ao seu gerente que você se atrasou por uma
paranoia dessas? Bom, conseguir me safar, mas antes claro que tinha aquela
famosa ameaçazinha de que se acontecesse de novo, uma bela advertência por
escrito eu levaria.
E assim vamos vivendo um dia de cada vez, ou no meu caso,
tentando. Querendo ou não, hoje uso essas falhas na empresa para poder
ocupar a cabeça e poder receber um pouco mais, já que agora só são, eu e o
Bento.
Muitas das vezes faço alguns bicos em horários contrários ao do mercado
para poder guardar uma quantia em reserva tanto para nosso lazer, quanto para a
nossa segurança.
Não gosto de ver o Bento tão sozinho em casa, mas tenho em mente que ter
um segundo animalzinho para fazer companhia a ele vai precisar de tempo e
reabilitação. E tempo, é algo que não procuro ter por enquanto, mas vai por mim
o Bento, ele não se sente triste por ser o único gato da casa, ele se sente
meio carente pelo fato de não ter os meus carinhos ou brincadeiras no dia a dia
como tinha antes. Até eu sinto falta das presenças que tinha nessa casa antes,
mas agora preciso estar o mais longe possível do fantasma dessas pessoas, ou de
uma em especifico.
Chegando no mercado dou de cara com o carro do Igor, e nessa hora minha
alma corre primeiro para dentro daquele mercado do que meu próprio corpo, ao
entrar quase correndo dou de cara com uma mulher andando pelos corredores como
se tivesse analisando as prateleiras e o local em si. Penso comigo mesma se não
é a fiscalização sanitária, pois para o Igor está aqui a essa hora só pode ter rolado
algum B.O, coisa que irei fazer o Augusto desembuchar rapidinho.
Entro para dentro do mercado e já vou fazendo o básico por onde
passo e ligando pelo menos as luzes do lugar. E a pergunta que me faço é: cadê
o pessoal que até agora não apareceu?
- A revoada deve ter sido boa...- Comento para mim mesma em um tom
mediano.
Vejo o coitado do novato parado ao meio no meio do mercado com um olhar
meio apavorado, e sigo em direção a bater o ponto. Vejo o dono conversando algo
com o Augusto algo, e ele coitado só assentindo com a cabeça e com o celular no
ouvido, de branco aquele homem estava vermelho de puro ódio. Dou uma risada
interna, mas me recomponho. Vou em direção a eles e o meu gerente já está com
meu caixa em mãos logo ao me ver se aproximando, desejo um ‘Bom dia” aos dois e
sigo em direção ao caixa.
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