Continuação — O beijo… por Verônica
O “quase” entre nossas bocas dura longos segundos — segundos que esticam o mundo, que dilatam o ar ao nosso redor, que fazem meu peito doer de tanta vontade contida.
Clara respira bem perto, tão perto que sinto o calor do seu exalar tocar minha boca antes que ela toque de fato. E esse simples detalhe… esse pequeno roçar de ar quente… já desmonta toda a minha postura.
Minha mão aperta a cintura dela, puxando-a milímetros a mais.
Ela reage arqueando o corpo contra o meu — suave, involuntário, urgente.
E então, muito devagar, encosto minha boca na dela.
Não é um beijo imediato.
É primeiro um toque leve, quase um teste.
Um deslizar de lábios sobre lábios, tão sutil que mais parece um suspiro partilhado do que um toque real.
Mas Clara…
Clara responde como se estivesse esperando exatamente aquilo.
A respiração dela falha, e ela tenta seguir minha boca — mas eu não deixo. Ainda não. Me afasto só um fio de distância, o suficiente para sentir o corpo dela reclamar desse vazio.
Ela solta um som baixo, quase um gemido contido, e segura meu rosto com as duas mãos, como se tivesse medo que eu fugisse.
— Verônica… — ela repete, só que agora é mais grave, mais carregado de tudo o que ela segurou até aqui.
Essa forma de dizer meu nome me quebra.
Meu controle vai embora.
Volto a encostar minha boca na dela, dessa vez com mais certeza, mais fome.
Ainda devagar — mas não mais tímido.
Os lábios dela são quentes, macios, e ela me beija como alguém que precisava disso para respirar. A mão dela sobe pela minha nuca, os dedos entrelaçando-se no meu cabelo, puxando leve, guiando. Sinto uma onda quente subir pela minha coluna inteira.
Minhas duas mãos sobem lentamente pela lateral do seu corpo, os dedos explorando cada centímetro, sentindo o arrepio acender sob minha pele.
Cada toque parece acender outro nela.
E cada arrepio dela acende algo em mim.
O beijo aprofunda um pouco quando ela abre a boca devagar, como um convite silencioso — e eu o aceito. Nossas respirações se misturam num ritmo confuso, urgente e suave ao mesmo tempo, como se estivéssemos descobrindo o outro pela primeira vez.
Sinto o coração dela bater rápido contra meu peito.
Sinto a mão dela tremer um pouco na minha nuca.
Sinto que ela está entregue — não só ao beijo, mas ao que ele significa.
Eu afasto a boca só um segundo, apenas para respirar ao lado da dela.
Minhas palavras saem baixas, arranhando o silêncio:
— Eu queria isso há tanto tempo…
Clara encosta a testa na minha, a respiração quente batendo nos meus lábios.
— Então não para — ela sussurra, com um sorriso que me destrói e me reconstrói na mesma hora.
E quando a beijo novamente, com mais profundidade e mais calma — é como se o mundo tivesse sido feito só para aquele momento.
Só para nós duas.
Só para esse beijo que finalmente aconteceu… e que promete tudo o que vem depois.
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